09 agosto 2019

De volta, se tiver paciência...


 

 unsplash-logoAziz Acharki

Liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
Sol doira
Sem literatura
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como o tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D.Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,

Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

Mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

05 maio 2009

Ensaio sobre a Cegueira - José Saramago


Há já algum tempo que não lia Saramago e decidi pegar neste agora, porque quero ver o filme e não gosto de ver determinados filmes, sem antes ler a obra que lhe deu origem. Neste livro encontrei a obra de Saramago mais fácil de ler, que já li do autor. A narrativa é mais rápida e mais fácil de entender. Sente-se, como em todos os livros que li dele, uma inquietude permanente, que acho que tem a ver com a forma como a história nos obriga, permanentemente, a comparar a ficção com a nossa realidade quotidiana. Neste livro sente-se a parábola permanente, o sermos postos em causa pelas personagens que de alguma forma nos parecem representar, a nós que estamos a ler, mas sobretudo a nós sociedade. É de todos os livros do Saramago o que mais me assustou, o que mais me arrepiou... Sem dúvida um grande livro, daqueles que tornam o Saramago num verdadeiro Nobel da Literatura.

Estado da Arte

Eu até andei a ler umas coisas, mas o tempo impediu-me de aqui as vir contar, assim hoje volto e espero que efectivamente volte com mais frequência... Ainda que os tempos que se avizinham me pareçam complicados.

Aqui, continua-se a gostar (MUITO) de ler, o tempo para praticar é que tem sido cada vez menos.

30 março 2008

Harry Potter e os Talismãs da Morte - J. K. Rowling

"Não tenhas pena dos mortos, Harry. Tem pena dos vivos e, sobretudo, dos que vivem sem amor."

O último da saga. Não consigo avaliar se o melhor, ou se o assim assim. Gostei. Até perto de meio perguntava-me se a coisa não ia sair do marasmo, quem é que iam matar mais, quando é que vinha a acção a sério. É que aquilo fica num chove, mas não molha que aborrece. Mas depois aquece e torna-se interessante. Confirmou, com grande satisfação minha, algo que sempre acreditei ser verdade, mas tive medo de não ser (não conto, estraga a surpresa a quem não leu). Okay, o fim é meio hollywoodesco, mas caramba, a malta já estava à espera. E fiquei com a impressão que num pormenor da história a autora se esqueceu de qualquer coisa que já tinha escrito antes, mas também não conto pela razão apresentada anteriormente. Agora fico à espera dos filmes, que sim, tenho visto todos, os últimos em DVD, que isto de ter filho é muito complicado de gerir.

27 janeiro 2008

O Mar - John Banville

John Banville - O Mar

Não conhecia o autor e gostei bastante. É um livro em que a morte está sempre presente e é factor motivacional que impele a personagem principal em frente. Uma personagem principal que não tem nada de herói, que não é perfeito e como muitos de nós se arrasta espera de melhores dias. É um livro difícil, mas não demasiado difícil... E surpreendeu-me, o final conseguiu surpreender-me, sobretudo porque me deixo supreender.